Poderíamos falar de revelação de uma outra dimensão do cotidiano, de um lado oculto, maravilhoso e tenebroso, onde o risco de se perder vale a conquista de se achar como ser.
E, para ajudar no caminho de volta de si para si, aí está o fio de Ariadne, de Dani Soter. Explícito, bordado, ou fluido, a escorrer por ralos raros na sua banalidade, às vezes refletido e fugidio, o vermelho – sangue, desejo, vida – nos guia por ambigüidades que diluem as fronteiras de ser, revelando o que também poderíamos ser. O que é, aí, não é mais apenas o que é por fora e para todos. É, sobretudo, o que é por dentro e para cada um.
Milton Guran
Curador e diretor do FotoRio (Festival internacional de Fotografia no Rio de Janeiro)