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Declaração

Qual é nosso lugar no mundo? Este mundo é feito de lembranças reais ou inventadas? Enquanto artista, como posso traduzir a ideia de «deslocamento»? É a partir destas interrogações que construo, em contínuo, meu projeto artístico. É uma ação constante e evolutiva. O ponto é seguido por uma linha e, entre os dois, existem histórias contadas a partir de fotografias que coleciono, objetos que acho, outros que fabrico, mas também por lembranças. As dos outros e as minhas. Às vezes eu as desenho, as colo, as pinto, as escrevo. Às vezes deixo espaço para o silêncio.

Entre a memória e o esquecimento há lugar para nossas fantasias, nossas dúvidas, nossos medos, nossos desejos. Neste universo há a casa, a infância, a família, a partida. O que conta é o percurso que toma forma com grafite, branco de titânio, a aquarela. Com papel amassado, transparente, com corda, pedras, cadeiras, escadas, tranças, cartas, recados, suspiros, risos, mentiras, meias- palavras, murmúrios e segredos.

Navego entre diferentes suportes como me mudo de casa e a escolha dos materiais sempre tem relevância na minha poética. Interesso-me pelo aspecto envelhecido das coisas,
 pelas histórias contidas nesses materiais. Gosto de misturar realidade e ficção para falar de identidade, de desejo, de abandono, de deslocamento, de memória, do íntimo e da passagem do tempo. Do envelhecimento do corpo. De esquecimento.

O que me interessa são os caminhos que se cruzam e se misturam para formar uma nova história. Brinco de compositora, dando uma letra nova a uma velha canção.